segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

POSSESSÃO - GISELDA MEDEIROS

Vejo-te no ar
átomos de fantasia
da distante ausência invisível.

Vejo-te na névoa
cambraia cinza
tecida pelas mãos de solidões gritantes.

Vejo-te latejante
no coração do mundo,
este armarinho de vivências incontidas
vermelho-sangue de ilusões e de ânsias.

Vejo-te no borbulhar da vida,
cadeia de pálidas emoções,
onde a tudo fere a lâmina do tempo.

E por ver-te assim
em tudo o que me cerca
é que te sinto estranha possessão:
o mito, o deus, o homem, o santo,
o espaço e a estrela
onde me perco
no imensurável caos de sonhos perdidos.

(Cantos Circunstanciais)