quarta-feira, 20 de janeiro de 2010






UM CÉU

Ah, como queria ter
no teu esplêndido corpo
um lugar só para mim
onde a música que ouvisse
fosse somente tua voz.
Onde, em tardes sonolentas,
sibilos de amor houvesse.
Onde a ternura varresse
esses estúpidos tédios.
Depois um incêndio sonoro
de beijos, abraços mil
carbonizasse nossa alma.
Nossas cinzas voariam
pela amplidão deste mundo,
pelos espaços ao léu.
E lá, entre astros luzentes,
da lua roubando o mel,
seríamos mais do que amantes,
seríamos mais do que amados...
... seríamos o próprio céu.

Giselda Medeiros
QUERO-TE
Quero-te assim
com essas mãos de adeuses
bordando frios luares
na minha túnica de sonhos.
Quero-te assim
com olhos de andorinha
visualizando a placidez
dos silêncios.
Quero-te assim,
filósofo dos efêmeros abraços,
andarilho, Quixote, Orfeu.
Quero-te assim,
mar revolto
com seus lúcidos queixumes
batendo em minhas praias, insistente,
com a fúria de teu sal.
Quero entoar-te um canto cheio
de tua luz buliçosa,
encher-me as ruas desertas
de teus passo peregrinos.
Quero-te assim como és.
Giselda Medeiros


FOGUEIRA

Mentes...
Não é propriamente o beijo
que te acende a fogueira
dos desejos.
Mas a eletricidade dos olhares
naquele tempo calado
esperado
posto na ânsia dos lábios
e o fogo ardente na carne
vislumbrando o instante supremo
da posse.

Giselda Medeiros